Cap. 302
— Creio que não fomos propriamente apresentados. – ganha tempo McQueen antes de começar a contar sua história. — Meu nome é Wallace Harris Campbell McQueen, a seu dispor.
A viúva retribui: — Obrigada. Sou Emma Elizabeth Murphy Wilkinson.
— Wilkinson? – especula McQueen. — Então talvez também tenha um pé na velha Escócia.
Emma meneia negativamente a cabeça: — Eu, não. Venho de uma família irlandesa. O Wilkinson, escocês, veio de meu marido.
— Meu falecido marido. – complementa Emma, talvez para mostrar que também carrega seu luto.
— Lamento muito. – compadece McQueen.
O prefeito conta a história de como perdeu sua família e de como carregará para sempre a culpa por tudo o que aconteceu.
Emma, um tanto chocada pelos detalhes da história do prefeito: — Não há o que dizer para livrar o senhor dessa culpa.
— Meu marido, meu amado Albert, que Deus o tenha, também se foi enquanto estávamos longe um do outro.
— Ele era um barbeiro-cirurgião e, durante a guerra, foi colaborar com os exércitos da União.
— Foi ele quem me ensinou como tratar doentes. Trabalhávamos juntos, mas ele não permitiu que eu fosse junto para a guerra.
— “É perigoso demais”, justificou ele, alegando os perigos e dificuldades do campo de batalha na tentativa de me convencer.
— “Se é tão perigoso, por que você aceitou ir lá?”, questionei meu marido em nossa última discussão.
— Ele só precisou me olhar para eu perceber a resposta. Ele foi justamente porque era um inferno e ninguém teria tempo ou atenção para cuidar dos feridos.
— Pedir para que ele não fosse seria pedir para que ele deixasse de ser o homem responsável, atencioso e solidário por quem me apaixonei quando ainda era uma menina.
— Se eu tivesse conseguido impedir que ele fosse, eu o teria matado por dentro, um pouco a cada notícia com os mortos após cada batalha.
— Essa, sim, seria uma culpa que eu não conseguiria carregar.
— Essa, pelo menos, não foi uma culpa que sua esposa teve de carregar.